sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pois é...


Foi natal, foi dia de aniversário e o ano chegou ao fim.
Esta fase para mim, é muito mágica, entro numa dimensão surreal. Fico dormente, desperto para um sono que me embala e me parece real, um mundo mágico onde tudo é perfeito.

... Esse meu outro mundo é povoado com arvorezinhas, corações de xadrez, velinhas, bolas lindas, penduradas nos galhos secos ou verdes das árvores que, com muita vontade, procuro. Começa a magia a partir do dia em que me cheira a natal. Esse cheiro envolve a minha imaginação e provoca um rebuliço de ideias que rolam em catadupa, deixando-me zonza sem saber o que devo, ir a correr, fazer primeiro... a ponte de ligação entre a fantasia, o mágico e a realidade, são os pontos de luz, uma coisa  imprescindível, para mim, nesta época do ano: muitas luzes. Luzes amareladas, quentes como vi na Alemanha e nos filmes de duendes de domingo à tarde. Aquele amarelo quente que dá o ambiente dos contos de fada. Nesses dias em que ando embrenhada nas decorações e que me deixo levar pelo tal espírito que me transforma, outro dos pontos de passagem para o lado de lá, é a música. Desde manhã  à noite o meu cérebro é totalmente preenchido por acordes natalícios, cantados das mais variadas maneiras, estilos e géneros … faço a minha filha tocar a “Noite feliz” no Oboé vezes sem conta, e quando faço uma pausa, lá vou eu acompanhá-la ao piano, ainda que, não sendo pianista, desenrasco aquele acompanhamento pimba, dó - sol e sol - dó e pronto… até assim fica lindo de morrer e natalício de morrer…
No dia de aniversário, apesar de não ter grande vontade de fazer mais anos, a verdade é que, sendo um dia nosso e talvez por isso, sinto sempre que alguma coisa especial pode acontecer. Nunca acontece nada de especial, trabalho que nem uma moura. Todos aqueles que me podiam fazer companhia trabalham que nem uns mouros, mas o facto de os meus filhos acordarem, me darem um abraço apertadinho e dizerem parabéns mamã, és linda… faz a diferença.
Nos dias normais das nossas vidas corridas, não se faz tempo para parar ou para ouvir certas e simples palavras que fazem toda a diferença… parece que nesse dia estamos mais atentos aos pormenores encantados da vida… é bom, ler, ouvir, escutar e receber tudo o que os amigos e a família, nesse dia, têm para dizer… essa magia prolonga-se até ao natal. E até lá desenrola-se um gráfico com picos… depois do pico mais alto do dia de aniversário, a linha desce um pouco até ao inicio das comemorações de natal, aí vai subindo, subindo, subindo até atingir um limite sem limite. No culminar desse pico começa uma descida vertiginosa barrada de nostalgia, uma nostalgia escorregadia onde cada momento é marcado por uma mistura, alternada, de satisfação e insatisfação. Pequenas nuances de chamada à terra e à realidade dura e crua do dia-a-dia que não me tem apetecido viver, vão-se misturando gradualmente com os, ainda, pontos de magia que teimam em fazer-se sentir, por estarem tão acomodados no fundo do meu mais profundo querer.


Helena acorda já é manhã… levanta-te, veste as crianças, faz o pequeno-almoço, arranja os lanches e mete-te a caminho por essa estrada fora … ah e não te esqueças da pasta…