sábado, 15 de setembro de 2012

fazemos o que amamos? até quando?

Um dia ficamos crescidos, e disseram-nos: " tens aqui a tua vida, desenrasca-te, faz por merece-la dedica-te esforça-te, torna-te um bom profissional, que o tempo vai-te gratificando por isso" e nós acreditamos que assim iria ser e obedecemos tacitamente, ainda por cima porque amávamos o que iríamos fazer... 
Depois crescemos mais um bocadinho e começamos a constatar que realmente nos tinham dito a verdade, afinal amávamos o que estamos a fazer...
Todos dias queríamos ser melhores porque  a experiência é proporcional à vontade de evoluir ... e um outro dia percebemos que a necessidade de não defraudar ninguém começa a ser uma premissa irremediavelmente levada a cabo... mas, ainda assim, convictos de que era o correto, afinal amávamos o que estávamos a fazer...
Um dia mais tarde começamos a perceber que a necessidade de não falhar começa a entupir-nos e de vez em quando, escassamente, começamos a desejar vomitar alguma coisa que ainda não sabemos o que é... afinal ainda amamos o que estamos a fazer... 
Porém, o tempo passa e um dia  percebemos o que nos está a entupir e constatamos que temos estado a dar, a dar,  mas que a segunda parte do que nos disseram quando crescemos, não corresponde à realidade. Pronto, já sabemos... estamos a dar mais do que estamos a receber...
Começamos a ficar desconfortáveis!!!!  não conseguimos vomitar essa sensação que nos vai enchendo cada vez mais... ainda assim, não só porque precisamos, vamos seguindo, até porque amamos o que estamos a fazer... ainda!!!

Parece-me , no entanto, que um dia vamos acordar e ter consciência plena de que não valeu  a pena. Ainda que, fazendo o que sempre amamos,  estão a obrigar-nos a deixar de amar o que toda uma vida estivemos a fazer ...

so sad :(

sábado, 17 de março de 2012

Caminhando....


Andei, andei, fiz e refiz, li e reli mas a única coisa que consigo sentir, neste momento, é vazio e a sensação de que ainda não posso fazer nada porque o estigma de que tenho de fazer ainda continua ativado. Gostava de o desligar. de vez!….
...Fazer um trabalho de investigação não é uma tarefa simples, de todo. Comparo esta caminhada com um percurso de automóvel muito longo, atravessando uma gigante planície com o depósito provido de gasolina para palmilhar uma, bela, série de quilómetros. A travessia desse caminho não permite, inicialmente, perceber a distância a que nos encontramos da meta ….
Imaginei-me nessa estrada sob o calor tórrido de um dia de verão. Iniciei a minha viagem fresca e cheia de vontade de pegar no carro e seguir em frente, vislumbrando um momento apenas … a chegada. Com o objetivo centrado na meta estava longe de imaginar o caminho que tinha pela frente, sim porque impossível seria imagina-lo, uma vez que nunca o fizera antes…
E assim, com este estado de espirito dei inicio à minha viagem.
Janela aberta segui um bom par de quilómetros até as costas darem os primeiros sinais de, “pára um bocadinho que estás a precisar”. Cheia de animo fiz uma paragem breve pois não queria perder tempo. Dei duas voltas ao carro para desenferrujar as pernas enquanto fumava um cigarro e num instante fiquei pronta para arrancar. Continuei mais uma enfiada de quilómetros sentada na mesma posição e com o mesmo objetivo. A dada altura o meu corpo e a minha mente impuseram-se e mandaram-me parar por um tempo mais prolongado. A noite aproximava-se e já não me deixavam continuar. É preciso fechar os olhos e dormir. Mas esse sono, nesse dia, não foi tranquilo, foi irrequieto e pouco confortável, falta-me o conforto das rotinas que deixei para trás. Mas ainda assim dormi e acordei obstinada por seguir viagem. Afinal não é ali a minha meta.!Fui em frente com mais energia que no final do dia anterior, mas com menos que no dia antes do dia anterior. Continuei a viagem e esta rotina instalou-se por vários dias e perdi a noção da quantidade de quilómetros que ainda me faltava percorrer, assim como, dos que já tinha percorrido. Uma leve sensação de desespero surgiu quando ao fim destes dias me deparei com uma encruzilhada ali no meio do nada... E agora? Vou em frente, viro à esquerda? Bolas e agora? Estou cansada e não sei que direção tomar!… ainda por cima não há rede, o que faço? Tenho de decidir e decidi, vou para a direita parece-me, sabe-se lá porquê, que será mais sensato… vamos confirmar com o mapa.. uiiii não encontro o mapa e como não sei, ao certo, onde estou não me serve de muito! Mas ainda assim arrisquei…. Insegura segui o caminho que me pareceu mais correto….. Algumas horas depois passa por mim um carro e alguém com um sorriso amistoso e tranquilo sorriu e acenou-me com a cabeça e … aquela simpatia ajudou-me a seguir em frente, mais ainda, quando perguntei se estaria no caminho certo e me confirmou dizendo “ acho que sim, continue”. Fiquei tão feliz que segui respirando fundo com uma estranha sensação de alívio fazendo querer que a energia inicial da viagem houvera voltado…
Lá segui e lá me deparei, inúmeras vezes, com encruzilhadas. Aleatoriamente fui escolhendo caminhos à medida que se cruzavam no meu percurso. De vez em quando outros rostos sorridentes, amistosos e tranquilos passavam por mim e acenavam com a cabeça, mas o cansaço começava a pesar. As noites desconfortáveis e intranquilas sobrepunham-se, em catadupa, e cada vez mais ansiava o final do percurso... neste momento só, e apenas, com o objetivo de descansar e tomar um duche relaxante. Alturas houve em que o calor e a dor nas pernas daquele movimento repetitivo do acelerador era tão grande que a vontade de voltar para trás começava a ser cada vez mais real… mas se não sei onde estou como poderei ponderar voltar atrás? Já que cheguei aqui o melhor é seguir em frente… segui em frente e a muito custo fui avançando graças à amabilidade dos escasso condutores que se cruzavam comigo. Alguns davam-me água quando a sede apertava e as minhas reservas há muito tinham chegado ao fim… sentia-me cansada, esgotada, transpirada e com a roupa suja e pespegada de pó. O meu cérebro já só em delírio vislumbrava o caminho que tinha deixado para trás e como que em sonho imaginava o que iria encontrar no final. Entre esses momentos de delírio e sonho surgiam momentos de lucidez que me permitiam pensar, “já falta pouco, já não devo estar longe depois de tantos kilometros percorridos já devo estar mesmo a chegar…”
Perdida na imensidão dessa viagem eis que me surge, a dada altura, alguém que me sorriu amavelmente à semelhança dos anteriores condutores. Mas desta vez, este alguém falou.. era alguém sábio que me levou consigo para debaixo de uma árvore solitária e pela primeira vez, depois de muito andar, senti a leveza de uma brisa, fresca, com cheiro a erva molhada e que me incitou na memória uma perfeita sensação de paz, aquela paz que há muito havia perdido. As palavras sabias foram poucas “não desista, o caminho esta certo, ainda faltam alguns quilómetros mas se forem bem conduzidos a sua meta será alcançada brevemente, avance sem medo. Mesmo na reta final e apenas por estar muito cansada, irá pensar que pequenos obstáculos do caminho são montanhas intransponíveis… mas nessa altura lembre-se desta conversa e imediatamente essas montanhas se transformarão em pó. Esse pó será, apenas, mais uma serie de partículas, dessas muitas, que a sua roupa suja acumula e que terá de lavar no final da caminhada.
Foi bem verdade o que disse o sábio… o restante caminho foi difícil, a insegurança ainda a reinar, os obstáculos a surgir. À medida que ia chegando, a sensação de obstáculos intransponíveis ia crescendo e quase derrubava todos os conselhos do Sábio. Tudo nesta altura era uma certeza não absoluta…já sem folego, doente de cansaço e sem força para carregar no acelerador comecei a vislumbrar umas torres de betão, minúsculas, que iam aumentando de tamanho à medida que me aproximava delas … quando ficaram gigantes e imponentes à minha frente constatei que não… não era aquele, ainda, o meu destino verdadeiro. Ao longe um casario….e mais uma vez senti que "- Estou lá, é ali!" mas a proximidade novamente demoveu a minha convicção… caramba mas o que falta ainda?....

De repente dei conta que do meu lado esquerdo se aproximava um lugar que me pareceu ser, irremediavelmente, o "tal"... "- É ali não há dúvida… será possível? É ali… é ali que está aquela casa que trazia na ideia encontrar...
"- Estou cansada, baralhada, mas aquela casa com alpendre... não acredito…"

Entrei passando e olhando para o alpendre quase sem o ver… lá dentro deparei-me com uma mesa antiga que sob uma toalha bordada de linho ostentava um grandioso banquete. Subi as escadas a correr e uma banheira cheia de espuma enfeitada e perfumada com pétalas de rosas, vermelhas, precipitou-se na minha direção… a ficção e a realidade misturaram-se. Ao lado da banheira uma cama e um roupão imaculadamente branco…. "- o que faço primeiro?" Desci as escadas procurei o alpendre, passei pela confortável cadeira de baloiço e encostei-me ao corrimão... o meu corpo escorregou involuntariamente pelas escadas e ali fiquei imóvel, sentada, sem tempo marcado e a pensar que sitio seria aquele ? ter-me-ei enganado?

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

post sem nome ...


Acordei com a sensação compulsiva de que tinha coisas e coisas e mais coisas que fazer... e fiz.... todas as que pensei fazer e mais umas quantas que não estavam no programa... mas ainda assim.... caramba!!!! ainda assim, não chegou! Desliguei o meu interruptor com um vazio amargo. Com a sensação de que quanto mais fiz mais precisava fazer... há trabalhos que não têm fim!!!!

este meu trabalho não tem fim... ninguém me ensina a encontrar o fim e eu desesperada vou correndo desenfreadamente, sem rumo para parte nenhuma...

hoje estou ja desligada do meu interruptor... mas desperta e envolta numa frustração que me provoca o pior dos sentimentos... ou pior ainda,  a pior das manifestações sentimentais ... "desisto"!

quero desistir ... posso dar-me a esse luxo?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Qaunto tempo o tempo tem...

Um dia curioso este de hoje, os estados de espírito confundiram-se todos na minha cabeça. um misto de estado febril, autentico, não metafórico, assolou-me durante a manhã. Depois de uma chávena de chá a fumegar um delicioso odor a canela, saboreado no sofá, enrolada no meu roupão polar, ingeri um brufen e esperei calmamente de olhos fechados que aquela formula magica fizesse efeito e me tirasse daquele estado inútil em que me encontrava. Naqueles minutos não quis saber de nada só de estar assim, de lhos fechados a esperar que a minha energia voltasse para me atirar ao monte de papeis que tinha à minha frente e começar a organizar o principio do fim de um árduo trabalho que tenho em mãos há uma serie de tempo. Não demorou nem meia hora a ter de abandonar, um momento que começava a ser perfeito, onde o descanso se confundia já com uma sensação de bem estar físico que tinha perdido desde o dia anterior... para que a "chamada à terra" fosse  eficaz, o telefone tocou e terminou ali um pedaço de tempo que não devia ser contabilizado na história da  miserável condição de ser humano... sermos arrancados à força de um sono tranquilo ,numa fase em que o nosso corpo insistentemente nos dá sinais da necessidade da sua imediata existência... Não concordo!!!

mas aconteceu mais uma, depois de tantas outras vezes.

O tempo, sempre o tempo... uma frase que já me aborrece pela imagem visual que me desperta. Sinto-me presa, sinto que os pequenos prazeres da vida passam à frente da minha capacidade de raciocinar a uma velocidade relâmpago ... nem sequer me deixa dar conta do significado que representam na minha vida. Os valores e as prioridades estão invertida/os ofuscados por uma obsessão que me turva a visão.

Existe uma luz que me guia o pensamento , sim, mas essa luz não é aquela luz quente e confortável que eu tanto gosto, é uma luz eléctrica, fluorescente como aquelas luzes de cozinha que antigamente se confundiam com os objectos de apanhar moscas...

pergunta: quanto tempo dos nossos dias desperdiçamos com tarefas que  realmente nos trazem alegria, felicidade e bem estar?